segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa.





...vacilava tanto nos últimos tempos, desde que desaprendera a ficar de pé, ou desinteressara-se disso, concentrada na aprendizagem de outros equilíbrios mais delicados.

sábado, 27 de agosto de 2011


"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras."

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Home is wherever I'm with you


Him: Jade
Her: Alexander
Him:
Do you remember that day you fell outta my window?
Her:
I sure do, you came jumping out after me.
Him:
Well, you fell on the concrete, nearly broke your ass
You were bleeding all over the place

And I rushed you out to the hospital, you remember that?
Her:
Yes I do.
Him:
Well there's something I never told you about that night.
Her:
What didn't you tell me?
Him:
While you were sitting in the backseat smoking a cigarette
You thought was gonna be your last
I was falling deep, deeply in love with you
And I never told you till just now.



domingo, 21 de agosto de 2011


"O corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro"

Mas que rir de tudo
É desespero...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Desire...


Mas a mim não me importava o que se fora.
Queria o passo à frente.

Um ponto importante: Ir,sobretudo,em frente.



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PEQUENAS EPIFANIAS



Dois ou três almoços, uns silêncios.

Fragmentos disso que chamamos de “minha vida’:

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus — enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de “minha vida”. Outros fragmentos, daquela “outra vida”. De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mau me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector — Tentação — na cabeça estonteada de encanto: “Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível”. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.



(Do livro "Pequenas Epifanias" - Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011



Abri a mesma cortina. A mesma janela. Abri a mesma porta. Acabei então por chegar no mesmo quintal, e , como de costume, corri!
Suja. A minha fé gritava e se lamentava por ter demorado tanto tempo pra me fazer enxergar, que a felicidade já começou, e eu nem percebi!

Não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós?
Não, não suportamos essa doçura


[Shakespeare]

Tudo vale a pena,

se a alma não é pequena..."



Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

[F. Pessoa]

"As várias fases, estações que me levam com o vento e o pensamento bem devagar."



A qualquer distância o outro te alcança.




"Todas trilhas caminham pra gente se achar, viu?”

“E a gente vai se olhar e rir de todo esse dramalhão, vou te chamar de bobo,
você vai me chamar de besta e amanhã de manhã um outro sol,
não mais tão quente e nem tão brilhoso quanto antes,
vai nos convidar pra passear enroscados na calçada da mesma ruazinha apertada
e sem graça de sempre, como sempre foi.
E as pessoas vão perguntar se você voltou.
E você vai dizer que nem foi
.”